20.9.12

4.9.12




"Chigalev

- Tendo-me consagrado ao estudo da organização da sociedade futura, cheguei à conclusão que, desde os tempos mais remotos até aos nossos dias, todos os autores de sistemas sociais só têm dito asneiras. Foi portanto preciso que eu construísse o meu próprio sistema de organização. Ei-lo! A minha obra na verdade não está concluída. Tal como está, necessita no entanto já de ser discutida. Além de que eu tenho de explicar-vos a contradição à qual fui levado. Partindo da Liberdade ilimitada, cheguei, com efeito, ao despotismo também ilimitado.

(...)

Lipoutine

- Sim. Ele propõe dividir a humanidade em duas partes desiguais. Um décimo, aproximadamente, gozará a liberdade absoluta e terá uma autoridade ilimitada sobre os outros nove décimos que deverão perder a sua personalidade e tornarem-se numa espécie de rebanho. Mantidos na submissão cega, de carneiros, eles atingirão, em recompensa, o estado de inocência de esses interessantes animais. Em resumo, será o Éden, com a diferença que será preciso trabalhar.    



Chigalev

- Sim é assim que consigo a igualdade. Todos os homens serão escravos e iguais na escravatura. De outra forma não podem ser iguais. Portanto é preciso nivelar. Baixaremos, por exemplo, o nível da instrução e dos talentos. Como os homens de querem sempre elevar-se, é preciso infelizmente cortar a língua a Cícero, arrancar os olhos a Copérnico e apedrejar Shakespeare. Eis o meu sistema.

Lipoutine

-Sim, o sr. Ghigalev descobriu que as faculdades superiores são germes de desigualdade, portanto de despotismo. Desde que se descubra que um homem tem faculdades superiores, ou se abate ou se enclausura. Até as pessoas muito belas são suspeitas pelo mesmo motivo e é necessário suprimi-las.

(...)

O Seminarista

- Mas você está em contradição. Uma tal igualdade, é o despotismo.

Chigalev

- É verdade, e é isso que decepciona. A contradição desaparece porém se dissermos que um tal despotismo, é a igualdade."



Camus, Albert. Os Possessos.  ed. Livros do Brasil, Lisboa, 2003, pp.185/188.

6.2.12

4.2.12

apontamento





                                                                       rascunho de novembro de 2011








                                                                                                   desenho em progresso.





memórias fotográficas



fotografias de fotografias antigas escolhidas entre outras memórias, as duas primeiras tiradas com uma máquina emprestada que esteve comigo durante um ano e que foi difícil devolver, impressas em papel brilhante, foi complicado regista-las, não correspondem totalmente ao que na verdade são.




                                                            Catarina, 1998





               Auto-retracto, 1999 (e 2012)






                            cavalo alado, 2003




30.1.12

This is where




imagem retirada do filme La jetée de Chris Marker


29.1.12

Things Are Queer (1973) ...

sequência fofográfica de Duan Michaels, deixo a primeira fotografia e a ligação para a continuação da sequência (em respeitável público)








paisagens outras






 imagem retirada do filme A Raiva de Pasolini



construção


                                                  

                                              




28.1.12

"janelas do meu quarto"






(...)

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

(...)









"janelas do meu quarto"








18.1.12

"... e eu quero a terra povoada de rijos corações que seguem os calmos pensamentos e a mais nada se curvam."



"o querer se apura, a visão do futuro nos surge mais intensa a cada golpe novo; o contentamente e a mansa quietude são estufa para homens; por aí se habituaram a ser escravos de outros homens, ou da cega Natureza; e eu quero a terra povoada de rijos corações que seguem os calmos pensamentos e a mais nada se curvam."
(...)
É necessário que se resista enquanto houver um fôlego de vida, mas que essa resistência seja sobretudo o contacto com a realidade da força criadora; é esta que afinal tudo leva de vencida e reduz oposições a pó inútil e ligeiro."



em "Textos e Ensaios Filosóficos" de Agostinho da Silva



17.1.12

janelas do meu quarto





                                                                                16, jan, 2012.








16.1.12

 Black Girl


fotografia de 2009, com o apoio técnico do fotógrafo Gustavo Pereira.





Tanto o tempo...
(16, jan. 2012)   





                                                                                                 (...)  

                                     Black girl, black girl, don't lie to me
                                     Where did you stay last night?
                                     I stayed in the pines where the sun never shines
                                     And shivered when the cold wind blows

                                     Black girl, black girl, where will you go
                                     Im going where the cold wind blows
                                     In the pines, In the pines, Where the sun never shine
                                     I will shiver the whole night through.

                                     Black girl, black Girl, dont lie to me
                                     Tell me where did you sleep last night?
                                     In the pines, In the pines, Where the sun never shine
                                     I shivered the whole night through.

                                                                                                 (...)  



15.1.12

Black Moon

de Louis Malle, 1975



Cartazes do filme





imagens do filme



excerto do filme

Louis Malle diz sobre o filme:


"It began with the fact that I wanted to shoot the film in my own house" "


Black Moon certainly comes very much from the place where I live, the kind of countryside around the house. There's something very ancient, maybe archaic, about it, also something...hostile."


 "(...)maybe this is a chance to do something that I've always thought of - the equivalent of Surrealism's automatic writing, but in film."


"I don't know how to describe Black Moon because it's a strange melange - if you want, it's a mythological fairy-tale taking place in the near future. There are several themes; one is the ultimate civil war...the war between men and women. I say the 'ultimate civil war,' because through the 1970s we'd been watching all this fighting between people of different religions and races and political beliefs. And this was, of course, the climax and great moment of women's liberation. So, we follow a young girl, in this civil war; she's trying to escape, and in the middle of the wood she finds a house which seems to be abandoned. When she enters the house, she obviously enters another world; she's in the presence of an old lady in bed, who speaks a strange language and converses with a huge rat on her bedside table. She goes from discovery to discovery - it's a sort of initiation." 


"(..) conveys my admiration for and curiosity about Alice in Wonderland."


 "When I prepared the film with Sven, we agreed that there should be no sun, it should be all cloud and flat light with no source and no shadows. The first three weeks here, we had blue skies every day. But we stood our ground, and we shot interiors, or at the very start of the day before the sun was up, or at sunset. There's not one scene in the film with sun."




Antes de serem fuziladas, um homem soldado aproxima-se da mulher soldado e beija-a em tom de despedida. O que acho curioso e interessante neste filme é o facto de a heroína procurar escapar a este estado de guerra, e o facto e nele não haver a vulgar dicotomia vitimas/agressor, homens e mulheres igualmente bárbaros igualmente vitimas.