Gravura de Catarina Verdier
"(...)Todo o REVOLTADO, pelo simples movimento que o leva a defrontar o opressor, defende portanto a vida; compromete-se a lutar contra a servidão, a mentira e o terror e afirma que esses três flagelos fazem reinar o silêncio entre os homens; obscurecendo-os uns aos outros e impedindo-os de se reencontrarem no único valor que os pode salvar do niilismo - a longa cumplicidade dos homens em luta com o próprio destino.
A REVOLTA não é, de forma alguma, uma reivindicação de liberdade total. Pelo contrário, a REVOLTA critica o processo da liberdade total. Contesta justamente o poder ilimitado que autoriza um superior a violar a fronteira interdita. Longe de reivindicar uma independência geral, o revoltado quer que seja reconhecido o seguinte: a liberdade possui os seus limites em toda a parte onde se encontre um ser humano, sendo esse limite precisamente o poder de revolta desse mesmo ser. (...) Não humilha ninguém. A liberdade que reclama reivindica-a ele para todos.(...) Não se trata apenas do escravo contra o senhor, mas também do homem contra o mundo do senhor e do escravo.
(...) A lógica do REVOLTADO consiste em querer servir a justiça para não aumentar a injustiça da condição e em esforçar-se por falar uma linguagem clara a fim de não adensar a mentira universal e de apostar, perante a dor dos homens, pela felicidade."
excertos de O HOMEM REVOLTADO de Albert Camus, publicado em 1951...
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