e,
na acidental e feliz expressão da minha irmã, CADA PESSOA UMA ARTISTA,
na acidental e feliz expressão da minha irmã, CADA PESSOA UMA ARTISTA,
e,
como lembra Agostinho da Silva, a vocação do ser humano é ser poeta (à solta), criador, deus, no sentido da sua autodeterminação, "o homem não foi feito para ** trabalhar mas para criar" (AS)
Crente é pouco
Sê-te Deus
E para o nada que é tudo
Inventa caminhos teus
(poema de Agostinho da Silva)
e,
" A criatividade não é um monopólio dos artistas... Quando eu digo que cada homem é um artista, quero dizer que todos podem determinar o conteúdo da vida na sua esfera particular, seja na pintura, na música, na engenharia, no cuidar de doentes, na economia por aí fora." (Joseph Beuys)
"O que afirmo é que cada ser humano é uma consciência totalmente particular, uma possibilidade. E essa possibilidade não está fechada. Pode desenvolver-se para tornar-se maior. E a melhor forma é mediante um processo de educação e informação. Mas esse processo de educação, mais uma vez, não tem de ser autoritário, mas deveria acontecer de maneira oscilante entre as pessoas, ou seja, como uma relação universal do professor e do aluno. Entre os seres humanos. Tão Universal, no fundo, que se possa dizer que a linguagem é o professor. Isto é, no momento em que falo sou momentaneamente o professor. E, quando escuto, o aluno. ( ...) Que se vença o mutismo entre as pessoas, que se supere a sua alienação e o seu distanciamento."(J.B.).
daí que a intervenção de Joseph Beuys na Documenta V tenha sido o gabinete para a democracia directa, no qual Beuys põe em prática aquilo que acredita poder ser o ser humano, a arte e a sociedade. O gabinete de democracia directa possibilita que as pessoas discutam, conversem sobre coisas que lhes interessam, sobre aquilo que interfere nas suas vidas, que se organizem, que sejam agentes e não apenas instrumentos.
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* livro editado recentemente pela editora 7 nós (também ela recente), reproduz as conversas entre Beuys e os visitantes do gabinete para democracia directa, a sua intervenção na documenta V em 1972.
** a palavra trabalho deriva do latim tripalium (instrumento de tortura) associando-se a sofrimento, sacríficio e esforço. " observando como certas pessoas são coagidas a trabalhar - verdadeiros escravos da grande máquina social, apenas preocupada em produzir" (José Flórido, um Agostinho da Silva), Agostinho da Silva adverte para que o trabalho-produção, centrado no consumo, no ter, seja substituído pelo trabalho-educação que vá de encontro à realização integral do ser humano, ao seu ser. Aqui via Agostinho os fins do capitalismo e do desenvolvimento tecnológico, permitir que o ser humano tenha tempo livre, pois só no ócio podemos ser criadores e, portanto, "poetas à solta".
daí que a intervenção de Joseph Beuys na Documenta V tenha sido o gabinete para a democracia directa, no qual Beuys põe em prática aquilo que acredita poder ser o ser humano, a arte e a sociedade. O gabinete de democracia directa possibilita que as pessoas discutam, conversem sobre coisas que lhes interessam, sobre aquilo que interfere nas suas vidas, que se organizem, que sejam agentes e não apenas instrumentos.
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* livro editado recentemente pela editora 7 nós (também ela recente), reproduz as conversas entre Beuys e os visitantes do gabinete para democracia directa, a sua intervenção na documenta V em 1972.
** a palavra trabalho deriva do latim tripalium (instrumento de tortura) associando-se a sofrimento, sacríficio e esforço. " observando como certas pessoas são coagidas a trabalhar - verdadeiros escravos da grande máquina social, apenas preocupada em produzir" (José Flórido, um Agostinho da Silva), Agostinho da Silva adverte para que o trabalho-produção, centrado no consumo, no ter, seja substituído pelo trabalho-educação que vá de encontro à realização integral do ser humano, ao seu ser. Aqui via Agostinho os fins do capitalismo e do desenvolvimento tecnológico, permitir que o ser humano tenha tempo livre, pois só no ócio podemos ser criadores e, portanto, "poetas à solta".