3.5.09

SOBRE O INDIVIDUO E A SOCIEDADE II

"Sou em geral conhecido como pessimista. Ao contrário do que alguma vez possa ter parecido, dada a insistência com que afirmo o meu radical cepticismo sobre a possibilidade de qualquer melhoria efectiva e substancial da espécie dentro do que em tempos não muito distantes se chamou progresso moral, preferiria ser optimista, mesmo que fosse apenas por ainda conservar a esperança de que o sol, por ter nascido todos os dias até hoje, nasça também amanhã. Nascerá, mas lá chegará também o dia em que ele se acabe."
excerto introdutório de maus tratos, texto de josé saramago, em o caderno de saramago, sobre a histórica subjugação da mulher pelo homem.
nos últimos anos estudos realizados em portugal indicam que:
em média, seis mulheres por semana são vitimas de crimes contra a vida e que a violência doméstica é apontada como principal causa de morte entre as mulheres, tendo-se em 2006 registado 39 assassinatos de mulheres pelos maridos ou companheiros. números que dão que pensar.


desenho de oskar kokoschka, para a sua peça assassino, salvação das mulheres, apresentada ao público no ano de 1909

Tal como dá que pensar as condições actuais de trabalho em portugal, eficaz estratégia de condenar o futuro? força cega ou de vistas curtas e bolsos cheios? querem convencer-se e convencer que é esse o único caminho?


"tudo está hoje em saber-se(...) se o capitalismo dos cartéis e "corporations" à escala mundial, por um lado, e os socialismos de estado, por outro (com a mesma preocupação aquisitiva e produtiva do capitalismo, que exigirá também a criação de sociedades de consumo), não vão a caminho de um encontro em que se ganhará em prosperidade o que totalmente se perderá em liberdade, , ou se, pelo o contrário, o gigantismo entrará dualmente em crise, ganhando-se em liberdade o que, em prosperidade de escravos com os ócios pagos, se perderá. O caso é que milénios de cultura já deviam ter ensinado que a IDADE DE OURO não chega nunca(...) o que sempre chega é a possibilidade de ver-se, para além disso tudo, a exigência de felicidade e de liberdade, sem que a vida não é possível naqueles termos de dignidade humana(...) o saber-se que é disso que se trata, independentemente da fidelidade a deuses ou a humanos(...) a dialéctica entre estar-se no mundo, ou só ou mal acompanhado, mas de, no fim de contas, não termos outro mundo senão este, e o que desejamos que ele seja."
o hoje, foi em janeiro de 1974, a actualidade é, na minha opinião, incontestável, as palavras são de JORGE DE SENA


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